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TBT101 | Dia Nacional da Poesia: o Recife nos olhos de Patricia Naia

31.10.24 - 11H49
Patricia Naia

Patricia Naia. Foto: Divulgação

 

Por Luiz Rodolfo Cavalobo

Abundantes do encanto das palavras que nós brasileiros somos, quando o assunto é poesia, contamos no nosso ano com mais de um dia de celebração da mesma. Na última quinta-feira, 24 de outubro, tivemos um desses momentos especiais: a data homenageia Carlos Drummond de Andrade e, nela, lembramos as nossas poetisas e os nossos poetas. (A outra data, em março, presta homenagem a Castro Alves e sua poesia abolicionista.)

No espírito de celebrar as escritoras e escritores que compõem os nossos referenciais poéticos, a gente lembra um dos encontros de grande troca da FreiCa: a poetisa Patrícia Naia, paulistana de nascimento e residente no Recife, esteve em maio deste ano no nosso Relicário, com a apresentadora Janaína Serra, para o quadro Recife nos Olhos. A conversa nos levou pela relação da autora com o seu Recife particular, visto pelas lentes e vivido nos passos somente dela.

Mulher negra e lésbica, Patricia Naia é referência no slam, gênero de poesia falada semelhante ao rap improvisado, e co-fundadora do coletivo Slam das Minas PE, nascedouro de talentos da poesia, como Bell Puã e Olga Pinheiro. Professora graduada em Letras pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), é especialista em Cultura, Arte e Linguagem. Entre seus escritos e projetos, estão livros de poesias, como “O punho fechado no fio da navalha” (Castanha Mecânica/PE, 2017) e “Entre ruas e dengos” (Gira Editorial/PE, 2024), o zine Poemargem e o podcast Rotas de Fuga pela Palavra, do qual é diretora.

Muito mais há de ser dito, e celebrado, sobre Patricia Naia e sua poesia! Você confere abaixo, nas palavras da própria, um trechinho do encontro com a apresentadora Janaína Serra:

Patricia Naia: Eu acho que, além de tudo, além de ser um convite para estar aqui, na Rua da Aurora especificamente, que é um lugar muito marcante para mim e na minha trajetória, e é marcante na trajetória de um dos grupos que eu acho que fizeram pequenas revoluções nesta cidade, no cenário literário desta cidade, e a convite da Frei Caneca FM, que eu acho que é um veículo de comunicação completamente fora da curva e que tem um papel brilhante nessa troca e comunicação.

Janaína Serra: Massa! A gente chegou aqui, gente, Patricia estava sentada já no banco na Rua da Aurora. A gente sempre tem esse cuidado de perguntar onde você quer gravar, de qual lugar de Recife você quer falar. E a gente chegou aqui, Patricia estava nesse momento de sentir a cidade, relembrar a cidade, relembrar momentos daqui. Eu queria que você falasse um pouco desse lugar que você escolheu, por que a sua escolha. Queria que você contasse essa história para a gente.

Patricia: No ano de 2011, junto com uma grande amiga, grande poeta, a artista Amanda Timóteo, a gente decidiu fundar o coletivo chamado Slam das Minas de Pernambuco. Na época, o coletivo nasceu de um incômodo que era a inexistência de espaços onde as mulheres pudessem ler as poesias. Na verdade, inicialmente, a tentativa era fazer um encontro e que a gente proporcionasse um espaço seguro, um espaço que fosse só para as mulheres, para poderem pegar os microfones e se sentirem à vontade. Que elas pudessem trazer as suas crianças e que pudesse ter alguém ali, na atenção, enfim. E, como a ocupação do espaço público para a gente sempre foi uma questão, a gente já tinha vindo da discussão que a gente construía com outros coletivos, então a gente pensou na Rua da Aurora como o primeiro lugar para realizar esse encontro. 

E foi desse encontro que o Slam das Minas de Pernambuco nasceu. Um coletivo que está aí, completando quase dez anos, uma década de história, e ele nasceu desse primeiro encontro onde a gente pode conhecer mulheres que escreviam, mulheres que começaram a escrever a partir dali, e então esse lugar é muito simbólico para mim. Ele representa esse início dessa revolução, que vem aí sendo continuada. Então isso é muito bonito. E deu uma certa nostalgia de estar aqui, porque lembrei de uma outra Patricia também, outra Naia que fui naquele tempo, e do que trago dela e do que ficou, enfim. Então, Recife me atravessa o tempo inteiro, sabe? E estar aqui me atravessou de novo, hoje. Um atravessamento bonito.

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Ficou a fim de escutar as entrevistas na íntegra? Clica aqui para conferir. Lembrando que o #TBT101 é uma coluna em que, toda quinta-feira, vamos relembrar entrevistas e programas massa e importantes que já rolaram na programação da rádio pública do Recife.

Todas as entrevistas ficam disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (Spotify, Deezer, Castbox, Google Podcasts, Anchor ou Mixcloud, além do YouTube).


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