ícone face twitter instagram

Adriana Falcão traz quatro gerações de mulheres em novo livro

10.02.22 - 14H55
Adriana Falcão

Foto: Lucas Seixas

Por Marcela Cavalcanti 


No livro Correnteza, lançado em novembro de 2021 pela Ventania Editorial, Adriana Falcão, escritora e roteirista de séries e filmes de sucesso, como A Grande Família, O Auto da Compadecida e Se Eu Fosse Você, se debruça sobre a história de quatro gerações de mulheres: a avó, nascida na década de 1930, a mãe, a filha e a neta, uma típica representante da geração Z. Manuela, Teresa, Débora e Luísa enfrentam os desafios das diferentes fases da vida, cada uma com o repertório do seu tempo. Juntas, elas trocam experiências e afetos, mas também discutem e questionam valores.

Adriana Falcão e Rosa Amanda Strausz, editora da Ventania Editorial, conversaram comigo, Marcela Cavalcanti, e com Gabriele Alves, durante a faixa de entrevistas do BR-101.5. O programa foi ao ar em 09 de dezembro de 2021. 

Confira aqui um pouco do que rolou:

Marcela: Adriana, você é filha da Maria Augusta, mãe da Tatiana, da Isabel e da Clarice, avó da Isadora, da Catarina e da Violeta. Como essa correnteza de mulheres na sua vida influenciou o processo de escrita do livro?

Adriana: Ah, completamente. Eu tenho três filhas, Tatiana, Clarice e Isabel, e tinha uma neta, a Isadora. Depois do Queria Ver Você Feliz, que é uma história de família, eu comecei a pensar em falar sobre mulheres porque somos muitas. Fiquei pensando nessa coisa das gerações... A Manuela poderia estar viva ainda, ela estaria fazendo 90 anos, e a riqueza que tem nessas gerações e nesses conflitos de gerações... A quantidade de vida. Eu tenho uma sensação de que as mulheres têm um poder muito grande de absorver, de transformar e ser transformadas pela vida. A minha irmã diz assim: “são as mães que movem o mundo”. Eu concordo com ela. Aí eu comecei o livro.

Ele tinha outro nome, eu não sabia direito... Também estava trabalhando na Globo, fazendo um seriado chamado Mister Brau que me dava muito trabalho, e as crianças... “As crianças!”, as moças e uma neta.... Eu comecei a escrever o livro e fui escrevendo. Em geral, quando eu escrevo um livro, eu mergulho nele e vou. Com o “Correnteza” foi diferente, eu fui escrevendo e percebendo a riqueza que essas personagens podiam trazer, os assuntos que eu podia abordar, os conflitos... Que me interessam muito porque eu não sou da idade de nenhuma delas, me identifico com todas e não sou nenhuma. Todas são a Tatiana, todas são a Clarice e todas são a Isabel.

E o quanto esse novo feminismo, no caso da Clarice e da Isabel, o quanto ele me ensinou e me ensina, porque eu achava que era feminista, mas no Carnaval eu ficava amamentando um bebê e o meu marido ia pro Carnaval. Eu não gostava, mas eu achava que era assim. Com as minhas irmãs, minhas amigas... E aí com a Tatiana já não era, com a Clarice menos ainda, e a Isabel fez um mestrado de identidade de gênero, uma coisa muito feminista mesmo, as amigas dela são ativistas. A Clarice de certa forma também é, né? Com a figura pública dela.

Bom, mas com tudo isso que eu falei, eu disse “vou escrever um livro”, tive a ideia dessas quatro gerações e comecei. Fui escrevendo, de vez em quando eu parava porque alguma coisa me chamava, depois eu voltava... Em algum momento o livro estava parado porque eu tava com muita coisa, aí a Tatiana me ligou e disse: “Mãe, eu tô grávida”. A Tatiana é mãe da Isadora, que já tinha 10 anos na época. E aí eu juro por Deus, não ia mentir pra ninguém aqui, na semana seguinte eu cheguei em casa, a Isabel morava comigo e com o namorado Matheus, que é pernambucano, Matheus Torreão, e quando eu cheguei em casa, Isabel disse: “mãe, eu tô grávida”. E eu disse: “Meu Deeeeus!”. Até me arrepiei agora.

Adoro criança, adoro filho, adoro neto. Eu disse: “que coisa linda, vou ser avó ao mesmo tempo, com uma diferença mínima”. Elas não têm nem um mês de diferença, as duas crianças, né? Não podia ter um presente maior, fiquei muito feliz. Um dia a Tatiana foi fazer a ultrassom, me ligou e disse: “mãe, é uma menina”. Aí eu disse: “gente, outra menina? Três meninas mais a Isadora, quatro... Mais uma menina agora, que família que só dá mulher, o que é isso? Que doidice”. Duas semanas depois, a Isabel me ligou do ultrassom dizendo: “mãe, é menina”. Aí eu falei: “não, para tudo e eu vou voltar pro livro”. 

Marcela: Rosa, trabalhando em uma editora, a decisão de publicar um livro é muito forte e não deixa de ser política. O que é que simboliza lançar um livro que fale tanto sobre ser mulher, sobretudo nesse momento de crise no mercado editorial?

Rosa: São duas coisas separadas. Uma é a crise, que afeta livros escritos por homens, por mulheres cis, trans, tudo que você possa imaginar. A crise é uma só. Mas ela impacta de maneiras diferentes as grandes editoras e as micro editoras, como é o caso da Ventania. No nosso caso, as pré-vendas têm sido muito preciosas pra gente conseguir se capitalizar e lançar os autores que a gente quer. (...)

Com relação às questões femininas, elas estão em pauta e vão estar cada vez mais, porque à medida que nós, mulheres, vamos abrindo novos espaços no mercado, também vamos descobrindo coisas novas. Foi o que a Adriana falou, tanta coisa que a gente não identificava como machismo, como assédio, hoje a gente olha e vê que é absurdo. Como é que a gente naturalizava isso? E aí tem muito a se dizer, tem muito a se escrever, tem muito a se discutir. Adriana chegou bem no comecinho da Ventania, né? E a chegada dela marca... Não é uma virada porque a gente não tava indo em outra direção, mas marca uma afirmação da Ventania como uma editora prioritariamente feminina. Mas não quer dizer que a gente não publique livros de homens (...)


Tá a fim de saber mais sobre essa história? Escute a entrevista completa aqui! O #TBT101 é uma coluna em que toda quinta-feira vamos relembrar entrevistas que já rolaram na rádio pública do Recife. Sintoniza com a gente nas estradas da cultura!

Todas as faixas de entrevistas do BR-101.5 estão disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (Spotify, Deezer, Castbox, Google Podcasts, Anchor ou Mixcloud).


Compartilhe