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Larissa Calado. (Fotos: Reprodução/Instagram)
Por Mateus Paegle
Ao lermos poemas que retratam vivências cotidianas, muitas vezes nos conectamos com as experiências, sentimentos e percepções que o autor ou a autora busca nos transmitir. Essa troca pode nos trazer identificação, inspiração e proporcionar um escape das nossas rotinas e do nosso mundo particular. É inspirado pela poesia do cotidiano, que o #TBT101 desta semana relembra a edição do programa Relicário em que Brunna Figueirôa entrevistou a poetisa Larissa Calado. A conversa girou em torno do lançamento da primeira obra literária publicada por Larissa.
Poetisa e amante do audiovisual, nascida em Palmares e atualmente no Recife, Larissa Calado iniciou a trajetória na literatura em 2013, mas foi em 2023 que, de forma independente, lançou sua primeira obra, o livreto de poemas intitulado “Lendo Calado”. Além do trabalho literário, Larissa também já participou como jurada na terceira seletiva do Slam das Minas, em 2024 e desenvolveu uma performance poética na 2ª Mostra DuBom de Artes Visuais.
Na edição do Relicário que foi ao ar no dia 19 de novembro de 2024, Larissa Calado conversou com Brunna Figueirôa sobre o processo de escrita do livreto “Lendo, Calado”, um processo que ela descreve como orgânico e intuitivo, em que a autora reuniu os diversos textos que escreveu em seu bloco de notas, a partir de experiências e reflexões absorvidas em seu dia a dia. Utilizando a escrita como uma forma de expressão, Larissa divide sua obra em quatro temas: amor, luto, caos e lucidez. Confira um trecho da entrevista:
Brunna: Larissa, conta para a gente como é o livro “Lendo Calado”.
Larissa: Então, “Lendo Calado” é dividido em quatro partes: amor, luto, caos e lucidez. Eu costumo dizer que eu fiz esse livro a partir do momento em que eu me descobri como artista, que foi um processo que veio de 2020 até 2023 com as poesias. Então tem aqui no livreto, entre amor, luto, caos e lucidez tem esses anos que eu dividi.
Brunna: Uma coisa que eu também queria saber era justamente sobre essas datas, porque as suas poesias elas vem datadas, não tem um tema específico, são datas, me lembra um pouco um diário. Então como é que foi o processo de escrever esses textos?
Larissa: Então, é um processo. Foi muito boa sua observação, porque realmente eu comecei a escrever em diários quando era mais nova, tenho até eles aqui guardados. Eu não percebia que eu gostava de arte, sendo que tudo que eu fazia era arte, eu já tive canal no Youtube e tudo mais… Então, assim, essas datas representam realmente um processo, um processo desde quando eu comecei, que não foi exatamente em 2020, foi bem antes, mas que eu me descobri como alguém que escrevia em 2020. Acho que no meio da pandemia todo mundo meio que foi se apegando a alguma coisa para não enlouquecer (risos).
Brunna: Como é o teu processo de escrita, como é esse processo de inspiração? Em um dia você acorda com vontade de escrever ou acontece alguma coisa e você vai escrever, como é que você faz a construção dos seus textos?
Larissa: Eu acho esse processo bem intuitivo, na verdade, quando acontece algumas coisas ou até mesmo quando eu vou guardando para mim algo que eu não consigo colocar para fora, a escrita acaba sendo a forma que eu consigo me expressar melhor, sabe? (...) Nesse sentido de expor na escrita o que eu queria dizer, na parte que falo do luto, por exemplo, eu busquei expressar o que penso, que dentro do luto o que fica na gente são as memórias das pessoas que se vão, acho que não morre na gente as histórias e as memórias dessas pessoas. Eu não queria trazer o luto como algo apenas triste, mas sim trazer as histórias das pessoas e deixar elas vivas, inclusive no livro, na parte em que eu falo sobre minha vó. Então, no final da página 22 eu falo dela assim: “fogão velhinho virou minha proteção, toda vez que repito parece uma oração”. Essa é uma parte curta da poesia, porque ela é bem grande (risos), mas eu queria destacar que esse lance do fogão velhinho é uma poesia que minha vó fez no tempo de uma rádio que premiava as pessoas com fogão, aí ela participou, fez uma poesia e ganhou um fogão de quatro bocas. Na época saiu um caminhão anunciando que ela ganhou. Então lembrar desse prêmio que ela ganhou através da poesia me faz lembrar dessa herança que eu tenho.
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Confira essa entrevista na íntegra através do nosso canal no YouTube. Toda quinta-feira publicamos a coluna #TBT101, onde o ouvinte relembra entrevistas importantes que a 101.5 trouxe na grade de programação.
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