Na semana que marca o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, a rádio pública do recife abriu espaço para mulheres negras discutirem sobre silenciamento, lugar de fala e cultura como resistência
Em 1992, na República Dominicana, um grupo de mulheres negras se reuniu para discutir machismo, racismo, e como elas unidas poderiam combater os efeitos dessas questões na sociedade - este foi o Primeiro Encontro de Mulheres Negras, Latinas e Caribenhas. Hoje, 27 anos depois do encontro, muitos pautas discutidas naquele dia ainda merecem atenção. Pensando nisso, o #DebatesCulturais da última segunda-feira (22) trouxe para o estúdio da Frei Caneca FM mulheres que vivem na pele, mais precisamente no tom da pele, os desafios para garantir que seus direitos sejam assegurados, ofertados e respeitados.
Mulher negra, latina e caribenha em destaque na programação da 101.5 FM.
Um dos quadros do programa Revista Difusora, o #DebatesCulturais teve apresentação especial de Taynã Olimpia e Priscila Xavier, que conduziram a conversa entre as convidadas tratando do tema “Silenciamento, lugar de fala e cultura como resistência”. Os microfones da rádio pública do Recife ficaram abertos para Aida Polimeni, integrante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, escritora, roteirista e comunicadora social; Geisa Agrício, jornalista e gestora do Paço do Frevo; Inaldete Pinheiro, uma das fundadoras do Movimento Negro da região, escritora filiada à União Brasileira de Escritores; e a professora-pesquisadora, Rosane Borges, da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo, deu sua contribuição remota.
Tendo como direcionamento suas experiências pessoais e pesquisas na área, as mulheres conversaram sobre a importância do Dia da Mulher Negra, Latinoamericana e Caribenha, que é comemorado em 25 de Julho. Um ponto de convergência entre as entrevistadas foi que a data, além de sinalizar a luta das mulheres negras por justiça social, também serve para celebrar as conquistas e estimular a formação de redes. E, como afirmou Inaldete Pinheiro, a data merece festividade pois sua criação foi uma conquista das mulheres negras, que como protagonistas conseguiram instituir esse momento no calendário, e hoje em dia ganha cada vez mais reconhecimento midiático.
Este reconhecimento, como menciona Geisa Agrício, é resultado das reivindicações dos movimentos sociais que pressionam a produção de conteúdos mais inclusivos e representativos. Todavia, quando se fala de produção cultural, mulheres negras ainda precisam enfrentar um caminho árduo para conseguir se firmar - como é no caso do audiovisual, como mencionado por Aida Polimeni durante o debate. E mesmo com os novos espaços criados pelo advento da internet, essas mulheres continuam sendo silenciadas, tendo seu discurso deslegitimado por comentários de pessoas que não vivem a mesma realidade delas.
Durante o debate, foram levantados pontos como a importância de se ter mais mulheres negras em posição de gerência, além da discussão sobre local de fala e dificuldades de se garantir representatividade.
Confira o debate na íntegra:
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