(Foto: Divulgação/PCR)
Por Bárbara Bittencourt
Conhecido como o encerramento do período pré-Carnaval e o abre-alas do Carnaval do Recife, este ano o Ubuntu e o Tumaraca - Encontro de Nações foram abraçados como tal. Ao antecipar a festa da sexta-feira para a quinta-feira, dia 8 de fevereiro, a capital pernambucana integrou os espetáculos oficialmente na programação, reconhecendo sua importância para a festa de momo recifense.
A cerimônia Ubuntu é a reunião de 26 afoxés para a purificação das ruas e transmissão de boas energias para o Carnaval, pedindo pela proteção dos orixás em um desfile pelo Passeio Rio Branco, no Bairro do Recife. Logo após, acontece o Tumaraca, um grande encontro de 13 nações de Maracatu de baque virado, que percorrem o Recife Antigo, saindo da Rua da Moeda até o Marco Zero em um tributo às comunidades de matriz africana. Assim são encerradas as atividades pré-Carnavalescas do Recife.
No ano de 2023, Gabriele Alves recebeu Paz Brandão, uma das coordenadoras do Tumaraca, no BR-101.5 para falar sobre o espetáculo e o retorno das atividades carnavalescas após o período de pandemia. Você confere um trechinho dessa conversa a seguir:
Paz Brandão: Eu digo que hoje essa celebração que acontece no Marco Zero é o ápice de tudo que a gente vive. Ele é só um pouquinho da amostra do que, na verdade, a gente pode vivenciar visitando as comunidades. E quem pode estar junto, quem viveu esse momento, sabe o que eu estou dizendo: não é brincadeira. Vou usar uma frase do mestre Luiz de França que diz que “Carnaval tem seus direitos e quem não pode com ele não se meta”. E a gente se mete, mas se mete de corpo e alma, porque a gente pode, a gente vive, a gente é esse carnaval, sabe? E esse carnaval de que eu falo, é isso: é vivido na comunidade, não para, repete, volta, “assim presta”, “assim não dá”, “assim cola”, e nas tretas que são resolvidas. E hoje [dia do Tumaraca] é só o resultado dessa construção que a gente chama Carnaval.
E foi muito bom viver isso, gente. Eu quero agradecer a cada um que se empenhou, que mesmo com toda a dificuldade… Na real, a gente está meio enferrujado. Parecia que a gente não sabia mais o que era fazer carnaval, mas a gente sabe. É feito andar de bicicleta, quem aprende não esquece. Mas exercitar de novo, voltar a pedalar de novo leva um tempo, sabe? Leva um fôlego diferente. Tivemos que contar com muita paciência de todo mundo. Ninguém é a mesma pessoa depois desses dois anos que a gente viveu. Não dá para tratar tudo como antigamente. Ninguém é. Então, todo mundo está se descobrindo mesmo nesse processo de troca. E foi muito bom descobrir a participação mais intensa de mestres e mestras nessa visita, na sede de cada um, de se permitir conhecer o outro no seu íntimo, na sua sede, tirando toda essa rivalidade que eles vivem daqui a dois dias, que é no concurso de agremiações.
Gabirele Alves também pede a Paz Brandão que fale um pouco mais sobre o Tumaraca e sua importância para o Recife.
Gabriele Alves: Eu tava aqui comentando com Paz antes da gente começar a entrevista, sobre contextualizarmos o Tumaraca para quem não tem muita proximidade, quem tá aí do outro lado e acabou de chegar no Recife. Acho que vale também a gente explicar que o dia todo é muito ritualístico pra comunidade afro.
Paz Brandão: Sim, hoje é um dia especial porque, na verdade, o Carnaval é feito pela energia do povo da rua, e o povo de matriz africana é quem bem sabe cultuar, respeitar e pedir licença a esse povo da rua.
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Ficou a fim de escutar a entrevista na íntegra? Clica aqui pra conferir. Lembrando que o #TBT101 é uma coluna em que, toda quinta-feira, vamos relembrar entrevistas e programas massas e importantes que já rolaram na programação da rádio pública do Recife.
Todas as entrevistas ficam disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (Spotify, Deezer, Castbox, Google Podcasts, Anchor ou Mixcloud, além do YouTube).
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