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TBT101 | Dia Nacional dos Professores: a classe que reverbera todas as outras

24.10.24 - 14H05
Libras

Crédito: José Cruz/Agência Brasil

 

Por Luiz Rodolfo Cavalobo

 

Na semana do Dia Nacional dos Professores, celebrado no último dia 15 de outubro, não faltam motivos para a gente pensar e discutir essa data. Entre homenagens e reivindicações, as lutas dessa classe trabalhadora, que é tão essencial a nós enquanto País, historicamente se juntam a muitas outras. Para falar da profissão, falamos também na luta por direitos, na inclusão social e políticas de acessibilidade que contemplam os mais variados grupos da nossa população: mulheres, pessoas com deficiências, as diferentes populações étnico-raciais, para mencionar alguns.

Em celebração à classe e sua data, a gente lembra o bate-papo da apresentadora Janaína Serra com Luiz Albérico Falcão, professor de Libras na UPE (Universidade de Pernambuco). Reconhecida em lei como meio legal de comunicação e expressão há pouco mais de 20 anos, a LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, sofre ainda hoje os ecos de um capacitismo que é nosso enquanto País excludente para as muitas populações das pessoas com deficiências. E, se a libertação de circunstâncias opressivas vem por meio da educação — e necessariamente pelo papel transformador das nossas professoras e professores —, a sua anulação vem também pela base, em questões a exemplo da ausência do ensino da Libras também às pessoas ouvintes nas escolas.

A conversa aconteceu no programa Calor da Rua e foi ao ar em abril deste ano, em celebração ao Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Você confere abaixo um trechinho do encontro. Para ouvir e/ou assistir na íntegra, basta acessar o link ao fim do texto.
 

Janaína Serra: Professor, você fala em aprender. Eu ia falar exatamente isso, que a gente tem tanto a aprender. Tem um caminho inteirinho aí para ser percorrido, não é?

Luiz Albérico Falcão: Sim. Muitas vezes a gente aprende as coisas por associação. Escreve, sai anotando para não esquecer de algum recado. Quando começa a trabalhar com Libras, muitas vezes você coloca o sinal falando, lembrando disso e, daqui a pouco, você vai lembrando, porque ela ajuda a trabalhar o mental, estimular cada vez mais a sua memória. Você trabalha com sinestese: com gestos, com movimento, com a expressão facial, isso é muito interessante.

Janaína Serra: São sentidos que, às vezes, a gente deixa de lado porque está aqui com a fala, né? 

Luiz Albérico Falcão: É, fica muito mais prático para a gente, mas, para o surdo que muitas vezes não oraliza, ele utiliza justamente a expressão facial, o gesto, o corpo, e aí vai toda a sua comunicação, a partir dessa questão visual, sentimental, afetiva, apresentada pelos sinais, pelos gestos, pelos parâmetros da Libras.

Janaína Serra: Vamos falar sobre leis, regulamentação. Esse dia nacional, que foi instituído no dia 24, em 2002, pela lei 10.436, reconhecendo a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão. Eu queria saber há quanto tempo existe a Língua Brasileira de Sinais, a gente tem isso?

Luiz Albérico Falcão: Aí já vem uma história do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), lá nos anos de 1850, quando foi criada a língua. Porque teve, na Família Real, criança surda, e aí trouxeram Charles Michel de l'Epée, um francês que veio então fazer esses primeiros passos. Por isso que a nossa língua Libras tem uma influência da língua francesa. Então, muitos sinais, por exemplo, o que a gente usa na Libras para iniciantes, com a letra “p” e a sua configuração de mão, quando você a coloca na boca para o “falar”, por que é “p” e não “f”? Porque é “p” de “parle”, do francês para “falar”. E essa origem vem daí.
 

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Ficou a fim de escutar as entrevistas na íntegra? Clica aqui para conferir. Lembrando que o #TBT101 é uma coluna em que, toda quinta-feira, vamos relembrar entrevistas e programas massa e importantes que já rolaram na programação da rádio pública do Recife.

Todas as entrevistas ficam disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (Spotify, Deezer, Castbox, Google Podcasts, Anchor ou Mixcloud, além do YouTube).
 


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