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TBT - 101: Dia Mundial da Alimentação: no mundo e no Brasil de 2023, como é a nossa fome?

19.10.23 - 08H46
Pixnio/ Marko Milivojevic

(Foto: Pixnio/ Marko Milivojevic)

Por Luiz Rodolfo Libonati

Ao se falar em Dia Mundial da Alimentação, visibilização do último dia 16, nesta semana, com o lema “Água é vida, água é alimento. Não deixe ninguém para trás”, é inevitável tocar nas questões intimamente relacionadas. É o caso da desnutrição, problema de saúde pública com origem na insegurança alimentar, um reflexo direto da pobreza, da desigualdade social e da ausência de políticas públicas efetivas em sua erradicação.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a nível global, estima-se que 780 milhões de pessoas sofrem sob tal forma de vulnerabilização. Entre as crianças, cerca de 50 milhões são vitimadas com o risco fatal do nanismo grave, consequência biológica da desnutrição na qual o crescimento esquelético é comprometido. No Brasil, segundo recente relatório da FAO, agência da ONU especializada em alimentação e agricultura, havia 21,1 milhões de pessoas passando fome em 2022. Em insegurança alimentar, 70,3 milhões sofriam — o número equivale a 38,8% da população brasileira. São dados que ilustram a situação do nosso país há apenas um ano de diferença.

Importante a gente ressaltar, a desnutrição, definida como a falta de nutrientes suficientes no organismo, se manifesta nas pessoas que apresentam grave perda de massa, de fato, mas não é somente em casos assim. Sendo a desnutrição em si uma deficiência nutricional, também pode afetar as pessoas em sobrepeso, assim como aquelas cujo Índice de Massa Corporal (IMC) caracteriza a obesidade.

Isso acontece porque a qualidade da alimentação envolve fatores diversos, dentre os quais o valor nutricional. Dessa forma, tão importante quanto a boa ingestão alimentar, é o quanto o que nós comemos nos fornece nutricionalmente, isto é, aquilo de vitaminas e minerais que nos é essencial para o devido funcionamento saudável do organismo.

Para tratar desse assunto, o apresentador Diego Oliver recebeu a nutricionista e profissional de educação física Karla Nascimento, no Calor da Rua, à época do Dia Mundial de Combate à Desnutrição Infantil. Abaixo você confere um trecho.
 

Diego Oliver: Quais são as principais causas dessa desnutrição?

Karla Nascimento: Olha, na desnutrição, que é uma questão muito voltada para as políticas públicas, a principal causa é a pobreza. Inclusive, essa questão do indivíduo que está obeso e desnutrido também tem uma base na falta de dinheiro. Porque o alimento de baixo valor nutricional é mais barato do que um alimento de alto valor nutricional. Então, isso é o principal fator. A pobreza é a raiz da causa da desnutrição.

Diego Oliver: Existem graus de desnutrição? A pessoa pode ter uma mais grave ou mais leve, ou a gente qualifica de um jeito só?

Karla Nascimento: Existem o leve, o médio e o grave. O grave é aquele que chega num estágio em que a pessoa pode morrer. Às vezes, a pessoa está em estágio grave e é levada ao hospital, chega a ser internada. Quando é feito aquele tratamento a tempo, consegue se restabelecer. No entanto, depois, a pessoa volta para casa, então precisa também ter esse acompanhamento depois que volta, porque a realimentação precisa de cuidados.

Você não pode chegar no indivíduo que está no grau grave de desnutrição e lhe entregar uma marmita, uma quentinha. Isso não vai ser bem aceito pelo organismo dele, porque, muitas vezes, ele já vem num estágio de jejum há muito tempo.

Diego Oliver: Eu queria saber agora sobre as doenças que podem surgir a partir da desnutrição. Existe isso, né?

Karla Nascimento: Existe. São muitas doenças. A desnutrição em crianças, por exemplo, vai comprometer o crescimento e o desenvolvimento delas. A criança não vai conseguir acompanhar os níveis de fala, de raciocínio, por exemplo, porque existem alguns nutrientes que são essenciais na primeira infância (até os 6 anos de idade). E aí, se ela não tem acesso a isso, algumas questões cognitivas vão ficar prejudicadas, e também o desenvolvimento físico. 

Em adultos, a desnutrição causa principalmente queda na imunidade e cognição também. A imunidade é como se fosse um alerta inicial, para que você entenda que está faltando algum nutriente. Pode ser vitamina C, vitamina D, ferro. Às vezes, a pessoa está com um aspecto cansado, sem disposição e acha que é a correria do dia-a-dia. E quando vai fazer o exame, vê que ela está com deficiência de ferro. Isso é um tipo também de desnutrição.

É muito amplo, porque são muitos minerais e muitos nutrientes que a gente precisa manter em ordem para o corpo funcionar em harmonia. Então, quando tem alguma coisa desequilibrada, o corpo vai falar, mas a gente está tão ocupado que não percebe.

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Ficou a fim de escutar a entrevista na íntegra? Clica aqui pra conferir. Lembrando que o #TBT101 é uma coluna em que, toda quinta-feira, vamos relembrar entrevistas e programas massas e importantes que já rolaram na programação da rádio pública do Recife.

 

Todas as  entrevistas ficam disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (Spotify, Deezer, Castbox, Google Podcasts, Anchor ou Mixcloud, além do YouTube).

 


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