Há um ano, uma plateia ávida por informações esteve no auditório do Teatro Apolo, participando do III Seminário de Comunicação Pública: Fazendo Rádio, promovido pela Fundação de Cultura Cidade do Recife, através da Frei Caneca FM. O debate contou com a presença de profissionais de diversos lugares do Brasil, como Paulo Proença, editor de conteúdo web na Rádio Inconfidência (MG), Flávia Filipini, consultora e especialista em Comunicação Pública, Juliana Nunes, jornalista e doutoranda em Comunicação pela UnB, e Rodrigo Martins, doutorando em Comunicação pela UFPE e coordenador dos cursos de Jornalismo e Rádio, TV e Internet das Faculdades Integradas Barros Melo.
Passados 12 meses e com o atual cenário de desmonte das emissoras públicas brasileiras, a exemplo da Rádio Inconfidência e da própria Empresa Brasil de Comunicação, a reflexão se torna ainda mais necessária. Questões como a participação ativa do cidadão na elaboração, implementação e acompanhamento de uma rádio pública, propostas na discussão, estão na ordem do dia.
O seminário trouxe temas variados, passando de como garantir a diversidade da programação a questões de financiamento, colocando em voga como a comunicação pública difere de uma empresa privada. Segundo Juliana Nunes: “Amplas são as formas de financiamento que podem surgir para uma rádio pública, através de parcerias e afins, mas é primordial se diferenciar de uma emissora privada que é ligada a questões comerciais, apenas com a busca pelo retorno financeiro e pela audiência. A comunicação pública, diferente da privada, não tem fins pensados em lucros”.
Abordando a inclusão e as pautas para ampliar a voz das comunidades, Paulo Proença, da rádio Inconfidência, deu sua vivência trabalhando com o sentimento de pertencimento coletivo: “Hoje, minha experiência na questão LGBT é como dialogar, contemplar e fomentar para que essas pessoas fiquem visíveis, ouvindo, buscando colocar pautas dentro da rádio, fazendo com que os movimentos sociais se aproximem e trazendo esse sentimento de pertencimento do mesmo espaço, que continua sendo negado para as minorias”.
A rádio pública contempla estado, governo e sociedade com o objetivo de informar para construir cidadania, se posicionando frente ao povo para que os diversos coletivos se sintam representados. Como disse o editor da Agenda Cultural do Recife, Manoel Constantino, presente no seminário: “A rádio Frei Caneca é de extrema importância porque foram quase 60 anos para se chegar a ela. Se a gente não ver o que o povo recifense quer ouvir dessa rádio, que é dele(do próprio povo), dificilmente conseguiremos fazer uma radio democrática com essa diversidade que o povo do Recife possui na sua formação, na sua contextualização enquanto povo e enquanto fomentadores de uma cultura estritamente cheia de cores e paletas. É importantíssimo fazer esses canais.”
Confira a íntegra do Seminário no link.
Texto realizado por Douglas Tenório, estudante do 7º período de jornalismo
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