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“Tudo o que eu faço já tem um ritmo, já indica que dá pra dançar”, conta Marina Sena

10.03.22 - 17H45
Marina Sena

Foto: Giovanna Cianelli 

Por Marcela Cavalcanti

Você provavelmente já ouviu falar de Marina Sena nos últimos meses. A cantora e compositora brasileira ficou conhecida por emplacar vários hits nas redes sociais, como o single “Por Supuesto”, que compõe uma das faixas do “De Primeira”, seu primeiro álbum solo. Durante uma entrevista para o BR-101.5, Marina explicou de onde veio o nome do disco e falou mais sobre o seu processo criativo. Vem ler um pedacinho! 

Gabriele Alves: Pegamos realmente estrada nesta sexta-feira para encontrar com Marina Sena, que está direto de Taiobeiras, interior de Minas Gerais. Ela tá curtindo a casinha dela em um descanso merecido, mas tá aqui pra falar com a gente sobre o seu primeiro álbum solo, “De Primeira”. Bom dia, Marina, seja muito bem-vinda!

Marina Sena: Bom dia, Gabi, obrigada. Obrigada por me receber aqui na rádio. Adoro conversar. 

Gabriele Alves: Virtualmente... Então vamo simbora bater esse papinho bem tranquilo com Marina Sena, minha gente. Vamos falar sobre o nome “De Primeira”. Adoro esses nomes que têm vários significados, e aí o “De Primeira” não podia ser diferente. É música boa e abertura de caminhos na carreira solo de Marina Sena. Me conta como veio a ideia de chamar de “De Primeira”, Marina. 

Marina Sena: De primeira é uma expressão que tá muito no nosso vocabulário. Eu não sei se é no Brasil todo, mas, até onde eu pude visitar, acho que todo mundo fala de primeira. Tipo: “De primeira eu olhei e amei”, sabe? É muito presente no Brasil. Quando eu estava escutando o disco antes de lançar, com meus amigos, sempre alguém falava: “Ai, num sei quê lá de primeira”. Aí eu dizia: “O nome do disco vai ser De Primeira”. Todo mundo ficava “o quê?”, mas alguma hora isso sempre surgia. É uma coisa brasileira e aí não tem como, né? Deu certinho. 

Gabriele Alves: Deu certinho porque, de primeira, Marina já foi pra Times Square e todos os outdoors possíveis. Marina Sena, de primeira, já estava bombando. 

Marina Sena: Sim, até em Nova York eu apareci, mas foi antes de lançar o disco. Lá no metrô de São Paulo também, pelo radar do Spotify... Mas tudo antes de lançar o disco.

Gabriele Alves: Antes de ser “De Primeira”, já tava sendo de primeira. Coisa boa danada, começou a bombar antes mesmo de lançar o disco (...) Eu tava aqui pensando nos desafios que você leva pra Iuri Rio Branco, produtor do disco "De Primeira". No álbum, você reúne vários ritmos e referências brasileiras que permeiam a sua cabeça desde a infância. Como isso surgiu? Foi muito natural? Você pensou “quero trazer samba, reggae, tudo junto”? 

Marina Sena: Eu acho que por eu ser brasileira e ter tido acesso às mídias populares, à televisão, à rádio, ao que tocava nesses veículos e ao que todo brasileiro escutava... É isso que a gente escuta, né? É isso que sai, é o samba, é o reggae. O trem fica acoplado na sua mente e nem se você quiser fugir disso, cê consegue. Tem gente que tenta fugir e fica até feio. Foge não, só aceita, entendeu? Como eu valorizo muito isso (nem consigo não valorizar, está em mim), não consigo não fazer, né? Iuri também é uma pessoa que tem muito estudo da música brasileira. São coisas que estão na raiz de todo brasileiro, eu não consigo fazer outro som, não consigo fazer um som que não faça referência a isso. 

Gabriele Alves: O produtor musical geralmente é um grande pesquisador musical. 

Marina Sena: E, além de ter pesquisado, também é brasileiro e também consumiu tudo que tinha. Nós dois temos um jeito de pensar bem parecido criativamente. 

Gabriele Alves: Talvez por isso o “De Primeira” tenha colado tão forte assim. O pop no sentido real da palavra, de música pop, é essa identidade brasileira que nós temos, mas tem essa galera que tenta negar, que “ai, eu não curto axé, eu não curto samba”, mas, no final das contas, no coraçãozinho, pega o ritmo, o balançado…

Marina Sena: Pode até não curtir mas vai referenciar, porque não tem jeito. Como você vive a sua vida inteira escutando uma coisa e não vai trazer referências disso na sua arte? Vai sim. Algumas pessoas até falam que estão fazendo um som mais americanizado, e eu pergunto: “Como? Não tem como, você pode até tentar, mas a referência vai estar na sua voz, no seu timbre, em lugares que você não vai ter um pingo de controle”. É um presente. 

Gabriele Alves: Eu penso também na sonoridade que tu traz, Marina. Você é compositora de todas as faixas, é importante que a gente fale isso por aqui, gente, Marina é compositora de todas as faixas também, e eu fico pensando que, além de performar, você cria uma música dançante do zero. Todas as músicas do disco são muito dançantes, até as mais leves. Como é que cê faz isso? É natural seu, né? 

Marina Sena: Olha, quando eu vou compor, normalmente eu componho no voz e violão. Agora, depois de Iuri, a gente tá fazendo coisas como o beat e a voz junto, entendeu? Mas normalmente eu ia no violão primeiro. Eu sempre faço uma progressão que tem mais a ver com o ritmo da progressão do que exatamente com a harmonia que tá acontecendo ali. É mais o tempo e o ritmo. Se me der um tambor, eu faço uma música em cima de um tambor. Não preciso nem do violão. Eu só preciso de um ritmo, alguma coisa que vai conseguir me fazer brincar melodicamente. 

Às vezes é até bom fazer sem o violão, sem nada, só com um ritmo, porque cê fica mais livre, não tem limite. O céu é o limite. Ainda mais eu, que sou limitada no violão, então não dá pra fazer tudo o que eu gostaria de fazer com a voz... Eu consigo fazer mais com a voz do que eu consigo fazer no violão. Mas como eu gosto muito dessa coisa do ritmo, fazer uma progressão fixa no ritmo, então tudo o que eu faço já tem um ritmo, sabe? Já indica que dá pra dançar. Indica que dá pra fazer um groove. 

Gabriele Alves: E que é uma coisa muito sua porque a sua alma é dançarina.

Marina Sena: Iuri, quando vai produzir as músicas, pensa da mesma forma. Ele até fala uma coisa muito interessante: “Você tem que andar no ritmo da música”. É natural do ser humano agir conforme o ritmo da música. Pra ele é isso, a música tem que ter um ritmo que não vai te atrapalhar a fazer as coisas básicas da sua vida, tipo andar. Cê vai conseguir andar no ritmo daquela música. 

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Quer continuar acompanhando esse bate-papo? Escute a entrevista completa aqui! O #TBT101 é uma coluna em que toda quinta-feira vamos relembrar entrevistas que já rolaram na rádio pública do Recife. Sintoniza com a gente nas estradas da cultura!

Todas as faixas de entrevistas do BR-101.5 estão disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (Spotify, Deezer, Castbox, Google Podcasts, Anchor ou Mixcloud).


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