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#TBT101 | Mamas, Minas e Manas pauta as dificuldades de mulheres mães na academia

28.03.24 - 05H37
#TBT101 | Mamas, Minas e Manas pauta as dificuldades de mulheres mães na academia

por Bárbara Bittencourt

Em outubro de 2023, Janaína Serra recebeu Susana Zaman, Camila Infanger e Maria Emília, no Mamas, Minas e Manas, para conversar sobre as dificuldades que as mulheres mães enfrentam para permanecer na academia. 

A maternidade ainda é considerada algo prejudicial à produtividade das mulheres no ambiente acadêmico e profissional, considerada algo que “retira” a mulher do eixo do mercado de trabalho por si só, não levando em conta os vários acúmulos de tarefas que as pessoas que maternam passam a exercer depois que gestam. É por isso que mães frequentemente encaram discriminação, sendo vistas como menos comprometidas ou disponíveis devido às suas responsabilidades familiares. 

Para conversar sobre isso, o MMM recebeu a Mestra em equidade de gênero pela UFRS e cofundadora da consultoria Maternidade nas Empresas, Susana Zaman; a pesquisadora da área de estudos em gênero, maternidade e carreira acadêmica, e doutoranda em Ciência Política pela USP, Camila Infanger; e a doutora em História Social pela Unicamp e professora de História da UFPE e UFRPE, Maria Emília Vasconcelos.

Dando início à entrevista, Susana trouxe dados da Faculdade Getúlio Vargas sobre a questão da maternidade na academia:

Susana Zuman: Em 2016, a FGV fez uma pesquisa que apontou que 48% das mulheres mães interrompem suas carreiras devido à maternidade até 12 meses após o retorno da licença. Isso é um número muito alto, estamos falando que em cada duas mães, uma está fora do mercado de trabalho.

As entrevistadas debateram, em seguida, que é comum que mães escondam sua gravidez até os oito meses de gestação, a fim de que o tratamento nas empresas e nos ambientes acadêmicos não mudem com essa nova informação. Mulheres mães enfrentam, muitas vezes, o questionamento de suas capacidades de produção, pois é comum que acreditem que, por ser mãe, aquela mulher não tem mais espaço no mercado de trabalho e pesquisa.

Camila Infanger: Pensando no planejamento profissional, me faz pensar que, com 32 anos, o que foi que você construiu? Você tem medo de não ter para onde voltar depois de ter filho, porque durante a licença maternidade de quatro meses você tem que dar muito apoio a um serzinho, enquanto a indicação de amamentação unicamente de leite materno, recomendada pela OMS, é de seis meses. Então como você vai abrir mão e voltar a uma rotina de trabalho? Por mais que você retorne, será gradualmente. A questão social e profissional influenciam numa decisão individual porque elas estão falhando. O contexto social e profissional não estão dando condições para tomarmos nossa decisão sobre a maternidade com a nossa própria realidade, querem que encaixemos nossa decisão no cenário deles. Então, até os oito meses de gravidez fingimos que não temos filho porque temos medo de sermos consideradas a “mãezinha” do departamento, da empresa, e não aquela pessoa com poder cognitivo, inteligente, ambiciosa, aquela profissional que você construiu até aquele momento… É aquele medo de ser esquecida, de ser tomada pela maternidade por outros, e não deixarem você ter mais nenhum papel.

* * *

Ficou a fim de escutar a entrevista na íntegra? Clica aqui pra conferir. O #TBT101 é uma coluna em que, toda quinta-feira, vamos relembrar entrevistas e programas massas e importantes que já rolaram na programação da rádio pública do Recife.

Todas as  entrevistas ficam disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (SpotifyDeezerCastboxGoogle PodcastsAnchor ou Mixcloud, além do YouTube).


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