Alessandra Leão, Karina Buhr e Isaar no Palco Frei Caneca FM | Foto: Sérgio Bernardo/PCR
Atrações regionais e encontro de estandartes fazem alegria de foliões e reforçam a pauta de liberdade
Mais que uma prévia de carnaval, o Bloco Pen Drive da Madrugada trouxe a pauta de respeito à liberdade e à diversidade para a festa mais esperada do ano. No último domingo, 24, o bloco fez o seu arrastão de estreia, partindo da Praça da Independência, em direção ao Palco Frei Caneca FM, montado na Praça do Arsenal. Além da animação da orquestra do Maestro Lessa, o cortejo foi colorido e animado pela participação de 10 estandartes e flabelos de agremiações tradicionais e contemporâneas: Elefante de Olinda, Vassourinhas do Recife, Bola de Ouro, Eu me Vingo de tu no Carnaval, A Cabra Alada, Sobrecú, Essa Fada, Cordas e Retalhos, Trinca de Ás.
Durante a caminhada da concentração até o palco foi possível presenciar a essência de quem constrói o carnaval pernambucano. “O carnaval pernambucano é isso. Toda troça, todo bloco, foi um grupo de amigos querendo se divertir e querendo colocar acima de tudo uma pauta de liberdade”, diz Daniel Breda do bloco Sobrecu. Quem se uniu ao bloco domingo pôde ter acesso a uma festa democrática, como relata a foliã Roberta Moraes: “Conseguimos acompanhar a orquestra e conseguimos chegar ao destino curtindo todo o percurso”.
Neste ano de tensões políticas e sociais, o tema “Transforme seu Preconceito em Respeito - Vidas Trans Importam” foi porta bandeira da festa conduzida pela Frei Caneca FM em parceria com agremiações e blocos populares do Recife e Região Metropolitana. Como afirma Débora Tito, diretora do bloco Essa Fada, que há 4 anos traz a luta feminista para as festas carnavalescas, “saímos da brincadeira da sexualidade para o respeito, para o não assédio e para a igualdade de direitos”, mostrando a evolução do bloco como movimento político.
Durante a festividade houve espaço de fala para Aurora Jamelo, designer, militante das causas trans e uma das idealizadoras da campanha deste ano da Frei Caneca FM dedicada à visibilidade trans. Direcionando seu discurso ao público majoritariamente cis, ela relata que “mesmo morando em Recife, meu carnaval não é o mesmo do de vocês. Porque eu não posso, apesar de querer, estar em segurança aí no mesmo lugar que vocês”. O corpo trans “não está aqui [presente no carnaval] na mesma forma e na mesma massa que os outros também estão ocupando”, trazendo a tona a relevância de pôr em discussão questões como essas durante o carnaval, para que mais pessoas trans possam se sentir confortáveis e seguras de ocupar um espaço que também é seu de direito.
Aurora Jamelo segurando o estandarte do Pendrive da Madrugada. Foto: Sérgio Bernardo/PCR
No Palco Frei Caneca FM ocorreram shows com Alessandra Leão, Karina Buhr e Isaar, no Encontro das Comadres, Dona Onete e Samba da Resistência, que reuniu músicos dos Grupos Terra e Cadência; os cantores Selma do Samba, Elias Paulino, Taiguara Borges, Helena Cristina e Pagode Nascimento; além de representantes de seis rodas de samba do Recife: Samba da Galinha no Azeite do Dendê (Raoni Borges e Hominho), Samba do Pedro Véi (Ricardo Macarrão e Adelmo Santo Amaro), Samba do Baú (Nito Pretinho), Samba Verde (Valtinho) e Samba do Barracão (Buiú Bala e Tony do Reco).
Transmissão - Se na rua o bloco Pen Drive da Madrugada contagiou o público no seu desfile de estreia, nas ondas da 101.5 os ouvintes que não puderam comparecer à folia puderam acompanhar toda a animação, com transmissão especial que teve início a partir das 15h, com apresentação de Priscila Xavier, que interagiu com a repórter Marianna Lyra, por meio de flashes e entrevistas com foliões e representantes de agremiações que participaram do cortejo. A partir das 18h, o comando da transmissão passou a ser feito do Palco Frei Caneca FM, por Nice Lima e Patrick Torquato, que conversaram com os presentes, apresentaram as bandas e conduziram a transmissão dos três shows.
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