(Foto: Lucas Silvestre)
Por Johnny de Sousa
A reinvenção é um episódio que deve ser passado com constância, a cada temporada, na cabeça de todo artista. Mesmo em momentos de total vazio criativo, em que a realidade em volta não parece propícia às criações e o solo da mente se encontra infértil, de alguma maneira, a cabeça de quem faz arte não deixa de transformar o nada em um elemento concreto. O ato da criação toma diversas formas, mesmo que seja relacionado à revisão de momentos ou, nesse caso, obras passadas.
A apresentadora do BR-101.5, Gabriele Alves, teve uma conversa com a cantora paulista Tássia Reis, justamente sobre a possibilidade camaleônica dos músicos contemporâneos de mudarem sempre que possível. O álbum “Próspera D+” veio com essa proposta de revisitar canções do álbum anterior da artista, o “Próspera” (de 2019), assim como trazer novos arranjos, harmonias e até composições inéditas, colocando na cara do ouvinte a capacidade versátil das canções feitas por Tássia.
Gabriele: Eu ia começar de outro jeito, mas você já se apresentou nos convidando à prosperidade. Tem um trecho que eu encontrei no seu release que me deixou, assim, de coração quentinho… Ele diz assim: “O resultado é esse álbum que vem como uma força, um impulso que nos faz sair da cama, tirar o pijama, afastar o sofá e dançar, porque apesar de todos os momentos difíceis que passamos, sobrevivemos!”. Como é sobreviver, Tássia Reis?
Tássia: Acho que estamos lidando com uma nova chance de vida nesse retorno ao presencial, que segue aos poucos. Poder começar a repensar a vida dentro desse contexto me fez querer repensar algumas músicas que eu já tinha feito, me dando uma injeção de nova vida. Eu continuo triste com toda essa realidade estranha que a gente vem vivenciando, porém pingos de esperança têm caído sobre a gente. Eu comecei a sentir vontade de cantar coisas novas, sendo esse o mote para o surgimento do “Próspera D+”, que além de ter conteúdo inédito, revisita o mesmo universo do “Próspera”, de 2019. O que esses dois álbuns carregam é uma energia de querer viver, uma coisa que eu vim trabalhando muito nesses tempos pra cá. Coisa que eu espero, inclusive, que outras pessoas comecem a exercitar, também.
Gabriele: Uma coisa que eu identifico no seu trabalho é essa sua sinceridade. Você fala de você e gera uma identificação completa, por parte dos seus fãs. Dessa forma, você consegue acolher todo mundo com sua música, não acha?
Tássia: Eu sou uma artista, uma compositora, que fala dessas experiências pessoais, mas que acredita que muita gente já passou por algo parecido. Acho que quando a sinceridade é genuína, ela acaba refletindo na reação e na memória das pessoas, o que faz com que muita gente se sinta acolhida pela música produzida. Isso é coisa que nasce da necessidade de se expressar, não apenas na de fazer música, tudo isso feito com muita honestidade. Acho que não tem coisa mais bonita do que ser honesta consigo mesma, e, dito isso, não tem como não se inspirar no ato da honestidade ao produzir arte.
Gabriele: Prosperidade e honestidade são palavras que rimam, minha gente (risos)! Agora, Tássia, acredito que esse disco, além de ser uma nova versão do seu disco de 2019, também é uma nova versão de você. Será que essa nova Tássia é real?
Tássia: Ah, total! Seis meses antes de 2020, eu já não me sentia a mesma pessoa, quem dirá um ano e meio depois (risos). Eu fico meio que pensando nisso, quantas outras pessoas evoluíram desse tempo pra cá e como elas talvez não voltem a ser mais quem eram. Eu não fico longe disso, eu já sinto que não sou mais a mesma há muito tempo. Então o “Próspera D+” traz além de remixes e novas versões, até porque contém músicas inéditas, mas é uma obra que explora novas personalidades e novas fases.
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Tássia também conta aos ouvintes do BR-101.5 que as mudanças de um disco para outro passaram a interferir em músicas que nem foram remixadas, reiterando a importância de se ter uma nova fase artística. A cantora ainda define a prosperidade como algo relacionado ao amadurecimento pessoal, sendo esse amadurecimento algo possibilitado através de experiências interpessoais. Para tal, Tássia traz consigo toda uma equipe que lhe ajuda a montar o seu projeto, incluindo artistas já consolidadas na música brasileira, como Tulipa Ruiz, Urias e Monna Brutal.
Ficou a fim de escutar a entrevista na íntegra? Clica aqui pra conferir. Lembrando que o #TBT101 é uma coluna em que, toda quinta-feira, vamos relembrar entrevistas massas e importantes que já rolaram na programação da rádio pública do Recife.
Todas as entrevistas ficam disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (Spotify, Deezer, Castbox, Google Podcasts, Anchor ou Mixcloud.).
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