Bianca Manicongo, também conhecida como Bixarte, destaque na programação desta sexta-feira (29) – Foto: Bixarte - Reprodução
Por Kauana Portugal
Nesta sexta-feira (29) é celebrado o Dia da Visibilidade Trans. A data, que tem seu surgimento forjado na luta por direitos das pessoas transexuais e travestis, foi incluída no calendário nacional a partir de 2004, quando lideranças do movimento se reuniram no Congresso Nacional, em Brasília, para o lançamento da campanha “Travesti e Respeito”. Produzida em parceria com o Ministério da Saúde, a campanha visava incentivar a inclusão social deste grupo, assunto que ainda hoje mobiliza discussões.
Apesar da potente articulação dos movimentos LGBTQIA+ na luta por dignidade e inclusão de corpos trans, mais de dez anos depois, a transfobia institucionalizada continua sendo parte do arsenal de feridas não cicatrizadas e profundamente encravadas na sociedade brasileira. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), entre janeiro e fevereiro de 2020, o Brasil apresentou um aumento de 90% no número de casos de assassinatos de pessoas trans, sinalizando a urgente necessidade de uma discussão ampliada ao redor do tema.
Além da expectativa de vida de pessoas trans e travestis ser de 35 anos, menos da metade da média nacional, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a morte social é outra cruel premissa que ronda esses corpos, pensamento que tem origem na total descredibilização destas humanidades. Se humanidade aqui está ligada ao conceito de sujeito, pode-se afirmar que corpos trans e travestis não são concebidos pelo cis-heteropatriarcado como sujeitos completos, e por consequência disso são expostos ao abandono familiar, falta de oportunidades no mercado de trabalho e, não menos grave, à ausência de políticas públicas que busquem alterar o quadro de vulnerabilidades.
O combate à transfobia passa pelo entendimento de que essa é uma pauta constante, relembrada no Dia da Visibilidade Trans, mas que precisa estar, de maneira latente, nas agendas daqueles que acreditam na construção de um mundo no qual seja possível celebrar a multiplicidade das pessoas. É urgente não só reconhecer a humanidade de pessoas trans e travestis, mas também criar oportunidades para que elas mostrem suas potências profissionais, artísticas, políticas e intelectuais. Narrativas diversas, que (re)existem para além da dor.
Neste dia 29 de janeiro - mas não só - a Frei Caneca FM também chama atenção para a necessidade de buscar informação produzida por pessoas trans e travestis, ler pessoas trans e travestis e ouvir pessoas trans e travestis. A programação musical da sexta-feira (29), produzida por Lorena Fragoso, celebra os corpos, pensamentos e vozes potentes de Urias, Jup do Bairro, Liniker, Merian, As Baías, Monna Brutal, Triz, Anohni, Kim Petras, Shea Dimond, Sateen, Mykki Blanco, Mx Mathias, Luisa Almager, Ventura Profana, Bixarte, Mc Dellacroix e Danna Lisboa, dentre outros.
O especial começa às 7h da manhã e vai até às 10h, com intervalo de 2h entre os blocos. Na parte da tarde, o ouvinte confere a programação especial de meia em meia hora, acompanhada por uma série de interprogramas que visam promover o respeito à identidade trans e travesti.
Toda a programação pode ser conferida pela 101.5 FM no Recife e de qualquer lugar do mundo pelo nosso site.
Compartilhe