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#TBT101 Mês da Visibilidade Lésbica: Renata Pimentel e Carol Lima por um cinema que se assume engajado

29.08.24 - 15H29
Da esquerda para a direita, vemos Carol Lima, Renata Pimentel e Gabriele Alves.

Trecho da entrevista no BR-101.5, em 2024. Da esquerda para a direita, vemos Carol Lima, Renata Pimentel e Gabriele Alves. (Foto: Reprodução/YouTube)


Por Mateus Paegle


Neste mês que marca o Dia do Orgulho Lésbico (19) e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29), a Frei Caneca FM dedica a coluna semanal #TBT101 a relembrar algumas de nossas entrevistas já realizadas com mulheres lésbicas. E neste 29 de agosto, que marca o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, traremos a entrevista de Renata Pimentel e Carol Lima, diretoras do curta “Mormaço” e “Velcro”, para o programa BR-101.5.

Renata Pimentel e Carol Lima são diretoras e roteiristas, formadoras do Coletivo Fenda Audiovisual, que promove o engajamento nas questões de gênero, dissidência e mulheridade. As duas são responsáveis pela produção de “Mormaço”, um curta documental premiado que traz vivências e narrativas ligadas aos corpos lésbicos. Renata e Carol estão em processo de produção do curta de ficção “Velcro”, que é ambientado no centro do Recife e conta a história do encontro entre Dayane e Josy, duas mulheres lésbicas que compartilham o sonho de cantar e viver da música.

No trecho retirado da conversa com Gabriele Alves, Renata e Carol falaram mais sobre como se conheceram, destacaram a importância para suas carreiras do curta-metragem documental “Mormaço”, premiado no Recifest 2021, e comentaram sobre o início das produções para o curta “Velcro”. O programa foi originalmente  veiculado no dia 14 de março de 2024.

Gabriele: Vamos começar falando de “Velcro”, de fato. Como é que surgiu a ideia de vocês fazerem esse curta metragem, gente?

Renata: Vamos lá, então. A gente vai falar dele e o tempo vai indo e voltando algumas vezes aqui nessa conversa. Para falar de “Velcro”, eu vou falar um pouco antes de “Mormaço” e eu vou falar ainda um pouco antes de “Mormaço”. A paixão pelo cinema, junto com a paixão pela arte. Todo mundo sabe que eu escrevo, eu trabalho com dança, com artes visuais, com cinema, com música, tenho composições com Ruby, com Max B.O, com Kleber Albuquerque, enfim. E uma vez a gente se encontrou de um jeito muito engraçado. Em comentários de instagram para a estréia de um filme, chamado “Retrato De Um Jovem Em Chamas”. Aí Carol comentou lá e eu disse: “Eita, tu és de Recife. Olha, vamos assistir esse filme juntas”. Sapatão tem isso, gosta de fazer a “horda” (risos). Porque a gente sabe que é importante tá em “quilombo”, vou falar muito de quilombo aqui. Então a gente se encontrou e a gente se conheceu, não era uma paquera para as questões mais específicas afetivas, mas era uma paquera para a vida. E aí vieram os projetos, vieram “Mormaço”, porque Carol já estava com o projeto de “Mormaço” e disse: “Olha, tu quer somar aqui no roteiro?” Eu falei: “Bora, vamo. Já demorou”. E a gente começou essa parceria com “Mormaço”, que é o primeiro trabalho da gente juntas. E aí quando a gente estava ainda no processo de escrita e criação de “Mormaço”, eu falei para Carol: “Carol, eu queria muito fazer um cinema engajado.” E eu não tenho medo dessa palavra. Porque eu digo sempre, já que eu sou professora de Literatura também, eu digo que toda a arte que não é engajada, que não se assume engajada, é uma arte que esconde o engajamento que tem. Ela finge que não é engajada, porque ela está querendo ali, pretendendo, algum dos benefícios daquela ficção do privilégio macho, branco, patriarcal, hétero, cis, eurocêntrico, entende? Aí eu decidi que eu quero um cinema, eu quero militar num cinema, que fale da gente. Foi aí que a gente começou, né Carol?

Carol: É, assim, eu acho que eu tenho que voltar sempre para trás para contar essa história. Porque eu sou alagoana, vim para cá em 2016 para fazer cinema e acabei me encontrando imensamente na cidade, nos encontros, nos afetos. Ao longo do curso eu fazia muita fotografia. Então eu me graduo em 2021, mais ou menos na época que a gente estava fazendo “Mormaço” e ali eu começo a me encontrar na direção e no roteiro e esse encontro com Renatinha foi incrível. Porque, ao mesmo tempo que ela tinha essa vontade, eu tenho uma vontade muito grande que move todos os meus trabalhos, que é de fazer narrativas, levar para a tela narrativas que eu queria ter visto quando eu era mais nova. Eu me lembro que quando eu tinha 15 ou 16 anos baixava o torrent, indo em sites de filmes de sapatão e pesquisando filmes e tinha um núcleo tão pequeno de filmes que em um mês eu assistia todos, todos com finais bem trágicos, e eu queria assistir vivências com finais abertos, como a vida é, que mostrasse também um lado de celebração. Então “Mormaço” é um documentário que a gente traz relatos reais. Ele nasce de anotações que eu tinha feito quando era mais nova, a gente soma um texto muito lindo de Renatinha e aí entram esses relatos. Mas ele falava mais num teor documental e eu queria muito também ter a celebração das nossas vivências, e aí a gente pensa na noite recifense, a gente pensou em Juliana Linhares.

Renata: E aí eu escrevi para Ju (Juliana Linhares). Então essa personagem principal do curta “Velcro”, é uma personagem escrita para Juliana, que é totalmente diferente dela, mas tem tudo dela. E foi aí que a gente começou a escrever “Velcro”, ainda em processo de finalização de “Mormaço”.

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Confira essa entrevista na íntegra através do nosso canal no YouTube. Toda quinta-feira publicamos a coluna #TBT101, onde o ouvinte relembra entrevistas importantes que a 101.5 trouxe na grade de programação.


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