Da esquerda para a direita, Luciana Félix e Gabriele Alves, em 2023.
Por Mateus Paegle
Anualmente, no dia 14 de setembro, é celebrado o ritmo pernambucano que move o carnaval. O Dia Nacional do Frevo foi criado a partir de uma homenagem ao jornalista Osvaldo de Almeida, responsável por levar o termo "Frevo” a ser utilizado pela primeira vez, através do jornal recifense “Pequeno”, em 1908. O termo tem origem no verbo “ferver”, muito utilizado para definir o ritmo, devido a musicalidade acelerada e dança frenética. Mais tarde, o “ferver” foi popularmente modificado para “frever”, de onde surgiu o nome “Frevo”.
O ritmo surgiu antes do seu nome popular, no século XIX, formado a partir de disputas entre bandas militares e ex-escravizados na cidade do Recife. Desde então, o Frevo é marcado pela dança e musicalidade enérgica, reproduzida por bandas e orquestras com trombones, trompetes e saxofones, ao passo frenético dos dançarinos e dançarinas com figurinos e sombrinhas coloridas.
A fim de homenagear esse dia especial para a nossa cultura, neste #TBT101 escolhemos recordar a entrevista de Luciana Félix, diretora do Museu Paço do Frevo, para Gabriele Alves, no programa BR-101.5. Na conversa, Luciana falou sobre a história do Dia Nacional do Frevo e a importância cultural do ritmo. A diretora do Paço do Frevo também anunciou os eventos e festividades organizados para comemorar a data de 14 de setembro e também os 10 anos do museu, que foram completados em 9 de fevereiro deste ano de 2024. O papo foi ao ar no último Dia Nacional do Frevo, em 14 de setembro de 2023 e está disponível na íntegra em nosso canal do YouTube. Confira um trecho:
Gabriele: Eu já quero ir direto na emoção, gente, para a gente celebrar esse 14 de setembro. Hoje estamos celebrando aqui na Frei Caneca FM o “Dia Nacional do Frevo” e claro que tinha que ter uma entrevista para a gente conversar, derramar nosso amor pelo Frevo em um bate papo aqui com Luciana Félix, que é diretora do Paço do Frevo.
Luciana: Hoje é um dia de muitas emoções. Hoje eu amanheci pensando na gratidão pelo que o Frevo proporciona a todas nós, a todo mundo, né? Mas, como eu estava falando para você, as mulheres especialmente, eu me sinto muito mais forte, muito mais impulsionada a poder questionar machismos, a pedir mais sororidade depois que eu comecei a mergulhar nesse universo do Frevo. E a cada dia eu conheço mais um pouquinho do Frevo, vou desvendando, à medida que ele me permite desvendar, com carinho, com cautela, mas sem medo de me apaixonar, sem medo de amar. Eu também sou dessas, se eu eu estou amando e me apaixonando, eu não me constranjo, eu vou pra cima.
Gabriele: A gente estava falando de prévias e lembrei que estamos no início das comemorações dos 10 anos do museu, então vocês estão fazendo uma grande prévia do Paço do Frevo, não é?
Luciana: Pois é, tem essa coisa assim de que no dia 9 de fevereiro já é um outro dia do Frevo. Hoje (14/09) é o Dia Nacional do Frevo. É o dia em que a gente faz essa homenagem a Osvaldo Almeida, um jornalista, uma pessoa da imprensa, então é também uma homenagem à imprensa. A homenagem é a um jornalista, um homem negro, que há tempos atrás já desbravava e foi responsável por fazer a circulação desse vocábulo, dessa palavra “Frevo” na mídia, de forma muito ostensiva, até ela vingar. Então hoje é o dia de homenagem a ele, o Dia Nacional do Frevo. Lá no dia 9 de fevereiro de 2024, o Paço celebra 10 anos, e aí a gente já vai dar o pontapé hoje, a gente não se aguentou, agora é contagem regressiva, vamos contar a partir de hoje e já entregamos essa programação do dia inteiro como uma abertura dos trabalhos do que vai ser o 9 de fevereiro de 2024, que cai, olha só que coincidência, na sexta-feira da abertura do carnaval. E aí fico com essa impressão, porque assim... que Deus é brasileiro a gente já sabe, mas acho que ele é pernambucano, ele nasceu no carnaval e ele frevava (risos). Porque ele é muito bom, está tudo muito abençoado pelos orixás, enfim, toda a espiritualidade, todas as fés estão aqui presentes e a gente vai com esse compasso abrir hoje e no dia 9 de fevereiro a gente completa os 10 anos de existência desse Centro de Salvaguarda do Frevo, que surgiu dessa necessidade, talvez de uma necessidade de cumprir uma legalidade. Porque quando o dossiê foi escrito e depois submetido à Unesco, para ver se a gente conquistava o título de patrimônio da humanidade, tinha o pré-requisito de que era necessário um centro onde esse patrimônio pudesse fruir e permanecer vivo, salvaguardado, aí surge a história do Paço do Frevo, em 9 de fevereiro de 2014.
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Confira essa entrevista na íntegra através do nosso canal no YouTube. Toda quinta-feira publicamos a coluna #TBT101, onde o ouvinte relembra entrevistas importantes que a 101.5 trouxe na grade de programação.
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