Na última quinta-feira (05) o programa Salada Pop recebeu o auditor fiscal e chefe da Divisão de Fiscalização da Receita Federal, Felippe Aquino de Moura, para uma conversa que esclareceu e tirou dúvidas sobre o tão temido e falado imposto de renda. Qual a diferença entre rendimento tributário e rendimento isento? Devo fazer uma declaração simplificada ou completa? Todo cidadão que recebe acima de R$ 28.559,70 de renda tributável no ano, ou mais de R$ 40 mil isentos deve declarar o imposto de renda até o dia 30 de abril. “Quem não o fizer, fica sujeito a uma multa que tem como valor mínimo R$ 165,74, e que pode chegar a até 20% do imposto de renda devido”, explicou o servidor Felippe Aquino de Moura.
Moura também falou sobre algumas novidades no IR deste ano, como por exemplo, o fato de que agora todo dependente alimentando (o beneficiário da pensão alimentícia judicial, podendo ser criança ou adulto) deve possuir um CPF. “Hoje em dia é fácil tirar um CPF. Caso tenha algum dependendente ainda sem o CPF, pode ser feito tanto na Receita Federal, como no Expresso Cidadão, Caixa Econômica ou Banco do Brasil”, disse Felippe. Caso você tenha perdido a entrevista e quiser saber mais, não se aperreie, assista agora o registro da nossa live.
A influência da temática econômica levantou na redação um questionamento curioso: “Por que o leão é o ‘mascote’ e durantes muitos anos foi (e ainda é) o principal símbolo da Receita Federal?”. Douglas Tenório* esmiuçou o caso e escreveu essa sobre essa curiosidade nacional.
O Leão mais "querido" do povo brasileiro!
Certo dia, chegou numa tranquila cidade do interior um circo que agitou a noite do local. Entre palhaços, equilibristas, mágicos e tudo o mais que se tem direito numa trupe de circo, havia também um leão que rugia incessantemente, atiçando a curiosidade do lugar em vê-lo. Resultado: circo lotado. Após a palhaçada dos arlequins e os truques malfeitos dos magos, sobe-se os panos, rufam os tambores e o chicote do domador serpenteia pelo ar para então revelar-se a enorme fera que tanto rugia: o leão.
Em determinado momento, o domador perde o controle do rei das selvas e o terror se instaura no picadeiro. O público fica em polvorosa e começa a fugir por qualquer fresta que se visse. Mas no meio dessa zorra, acontece uma situação inusitada: um rapaz fica preso entre algumas tábuas da arquibancada do lugar. Desesperado, vendo o público deixar o local, não titubeou antes de gritar: "Senta pessoal! Senta que o leão é manso!". Daí surgiu essa expressão popular.
Mas se você estiver se perguntando "Afinal, qual a relação entre essa anedota e o fato de o leão ser o "garoto propaganda" da Receita Federal?". Essa foi uma das inspirações que levaram à ideia original da "campanha do leão", que perdura até hoje. Outra das inspirações foi a expressão do início do século XX e ainda hoje usada: "essa é a parte do leão". Termo surgido de uma fábula clássica, tendo versões do escritor grego Esopo, do romano Fredo e renovada mais de dois mil anos depois pelo poeta francês Jean de La Fontaine, que conta a história de um leão que combinou de caçar com mais dois animais e na hora de repartir a presa exigiu ficar com os maiores pedaços por ser ele "o mais valente de todos os animais".
A propaganda foi encomendada pela Receita Federal no ano de 1979 e ficou sob a responsabilidade da empresa publicitária DPZ (hoje chamada de DPZ&T), dar um encaminhamento diferente e novo para aquela proposta, que precisava convencer as pessoas a pagarem o imposto federal. O leão fora utilizado para provar uma tese do então economista do governo, Delfim Netto, de que ninguém paga imposto para construir hospitais, estradas e escolas. Paga-se forçado, paga-se por medo.
Na época, em 1979 e início dos anos 80, eram veiculadas pela televisão propagandas da Receita Federal tendo como personagens além dos atores, um leão. Durante as gravações desses comerciais sempre havia um domador de verdade no local, mais três atiradores armados e a postos para agir, pois seguindo os caminhos do grande estúdio cinematográfico, Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), os publicitários e diretores das propagandas resolveram usar leões de verdade para passar uma autenticidade às peças de divulgação. A ideia era dizer que o imposto de renda pode ser "domado", ou seja, você pode conviver com ele, basta conhecer as regras e agir de acordo com elas.
O leão e seus comerciais fizeram um grande sucesso na época e se tornou um caso icônico na publicidade brasileira, tanto que a associação do leão com a Receita Federal é feita até hoje. Isso só reitera que “propaganda” também é arte e quando feita assim, há a grande possibilidade de que o inconsciente coletivo de toda uma nação seja marcada para sempre.
*Douglas Tenório é estudante do 7º período de Jornalismo.
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